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Blog da Televisão Regional do Vale do Sousa www.valedosousa.tv

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"O Vale do Sousa já tem uma televisão digital, a valsousa.tv" - Entrevista Jornal de Lousada

Por: Vera Couto

17 de Setembro de 2006


O Vale do Sousa já tem uma televisão digital, a valsousa.tv (http://www.valsousa.tv). O JL não poderia ficar indiferente a esta iniciativa e foi procurar saber mais sobre o projecto. Rafael Telmo, fundador e director da valsousa.tv, explica-nos como tudo começou...

"O papel da valsousa.tv é servir o interesse de todos e promover a região onde estamos inseridos"

Jornal de Lousada (JL) - Como e por que razão surge o projecto de uma televisão digital para o Vale do Sousa?

 

 

Rafael Telmo (RT) - O meu desejo é inovar, ser criativo e atrai-me imenso a área da imagem e tecnologia. E como gosto de experiências novas, de desafios e de aprender com eles, ao avançar com um projecto novo, diferente, tenho de pesquisar muito, estudar e experimentar. É cativante aprender, saber. Lembro-me de fazer as primeiras experiências com vídeo numa página da Internet quando realizava a parte curricular do "Mestrado de Tecnologia Educativa", na Universidade do Minho, em 2002. Uma página sobre o teorema de Pitágoras que ainda está disponível.
      Entretanto, na escola onde lecciono, a E. B. 2/3 de Nevogilde, realizei nesse ano um telejornal com uma turma. O tema central era a televisão – TeleNevogilde. Na altura tinha-me surgido a ideia de criar um canal interno de televisão. No entanto, avancei com outros projectos que foram bastante mediatizados, como é o caso do cinema itinerante na escola. Em Setembro de 2005 fiquei responsável pela página de Internet da escola, e ao criar uma nova vida à página lembrei-me de pôr os alunos com uma câmara na mão a realizar entrevistas aos colegas, professores e funcionários. Saíram-se bastante bem, pois tinham alguma experiência em trabalhos num clube de audiovisual que tinha dinamizado no ano anterior. Coloquei essas entrevistas na página da Internet e mostrei o protótipo à Presidente do Executivo; quando viu, admirada, disse que nunca tinha visto nada assim, que parecia uma televisão. Bem... A criatividade começou a funcionar, e como tinha o desejo de criar um canal interno de televisão, vi assim uma forma de o fazer não só para a escola, mas para cada um em qualquer ponto do mundo. E assim nasceu a NetTV-Nevogilde.
      Depois comecei a pensar criar um projecto mais abrangente. Pesquisei muito e reparei que já tinham havido experiências nesta área, mas Portugal ainda não tinha despertado para as televisões pela Internet ou WebTVs. O Brasil era um país com muitas experiências na área e andei a espreitar vários canais. Um dia, no café, peguei num jornal e li que em Famalicão tinha surgido um canal dentro daquilo que idealizara. Nesse dia decidi avançar com a valsousa.tv. A vida modifica-se e estes projectos preenchem o nosso mundo. Procurei apoios, senti dificuldades em os conseguir, mas mesmo assim, decidido, avancei sozinho, fazendo eu próprio o investimento. Um canal de televisão pela Internet é uma forma, de excelência, para divulgar as potencialidades de uma região e permitir às pessoas uma televisão de proximidade. No fundo, é um verdadeiro serviço público.


 

JL - Quais são os principais objectivos?
RT - É levar a todos, em qualquer parte do mundo, notícias da região do Vale do Sousa, a terra que nos viu nascer, matar a saudade, descobrir, conhecer e aprender. De uma forma mais rebuscada, posso dizer que os objectivos são o desenvolvimento cultural, a divulgação das potencialidades económicas e estruturais, o sentir da identidade regional e o fácil acesso à informação sobre a região para qualquer pessoa em qualquer parte do mundo com um acesso à Internet em banda larga.


 

JL - Qual o maior desafio? Porquê?
RT - Chegar a todos os lares do Vale do Sousa, porque, como é sabido, a taxa de famílias com ligação à Internet ainda é muito baixa. A maior parte das pessoas acedem à Internet no local de trabalho, nas escolas, nos postos recém criados pelas autarquias que, apesar dos esforços, se revelam ainda insuficientes. Neste momento estou a estudar uma parceria com uma empresa da região para colocar um conjunto de computador mais a ligação à Internet em banda larga a um preço acessível à maior parte dos lares.
JL - Então porquê esta escolha?
RT - Quanto à escolha, a resposta é evidente, porque os ingredientes só permitiam cozinhar um projecto como este. A televisão desta forma só é possível por IP (Protocolo Internet) e a Lei, para já, não permite outra forma. Mesmo os custos, se neste projecto já são elevados, imagine o que seria se fosse por cabo ou radiofrequência.

JL - A valsousa.tv limita-se a um público-alvo muito específico? Porquê?
RT - Não, porque os conteúdos interessam a todos, sejam àqueles que são desta região ou que querem conhecer esta região e aos emigrantes que desejam saber notícias da sua terra e matar saudades.

 
JL - O que pretende oferecer de novo à população do Vale do Sousa? Como define o papel da valsousa.tv nesta região?
RT - Uma televisão de proximidade. Pretendo levar até às pessoas a notícia que ocorreu ao seu lado e que, por vezes, não é divulgada nos meios de comunicação tradicionais nem têm conhecimento dela. A valsousa.tv é um espaço múltiplo, plural, que quer levar as realidades, os factos, a cultura e histórias de uma região, o Vale do Sousa, a todos os que o desejarem. As potencialidade da terra, as curiosidades que nos tem para contar e o que de belo há para mostrar são fundamentos desta iniciativa pioneira. O papel da valsousa.tv é servir o interesse de todos e promover a região onde estamos inseridos.

JL - Como vê o jornalismo regional, numa versão multimédia?
RT -
 Com bons olhos, apesar de só agora se ver alguns projectos na Internet e alguns com potencial excelente.

JL - Que feedback tem recebido?
RT - Muitos e bons. O que mais me emocionou foi um vindo de Maputo, talvez por ser um dos primeiros e pela emoção expressa na mensagem. Outro que me recordo foi da parte de uma directora de produção de um canal semelhante ao meu, de São Paulo e Brasília, que deu os parabéns a todos os envolvidos no projecto.

JL - Tem algum tipo de apoio?
RT -
 Neste momento em que me pergunta, não tenho, a não ser da minha mulher e filhos, mas tenho promessas que penso que serão honradamente cumpridas. E os apoios, como sabem, passam pela publicidade que é o sustento de qualquer órgão de comunicação social, e este não será excepção.

JL - Quais as perspectivas de evolução do projecto?
RT -
 Tenho novos canais que vão surgir a seu tempo dentro da valsousa.tv, mas o céu é o nosso limite. E espero que seja sempre azul…
 

O boom das TVs regionais na Internet

Televisões regionais na Internet multiplicam-se por todo o país, divulgando informações e notícias locais com recurso a imagens e vídeos, mas no entanto não são abrangidas pela Lei da Televisão.

Durante este ano surgiram pelo menos uma dezena de "televisões regionais": TVViana, FamalicãoTV, AveiroTV, MaltaTV (Guarda),Vale do SousaTV, EspinhoTV, OesteTV, TVBeja, TVAlentejo e PortiTV (Portimão).

Agregam o nome de uma região à palavra televisão, mas, segundo o director executivo da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC), Nuno Pinheiro Torres, estas emissões "não integram o conceito de televisão" previsto na lei, pelo que não estão sujeitas à disciplina legal contida na Lei da Televisão.

Uma situação que desagrada a pelo menos uma das responsáveis por televisões regionais que a Lusa contactou, Anabela Sá, da Oeste TV."Estamos a tentar pôr no ar um projecto de qualidade e por isso achamos que deveria haver fiscalização", disse aquela responsável, lamentando ainda a falta de legislação que leva a que "qualquer curioso que produza vídeo possa ter uma televisão digital regional".

"Apresentámos o projecto ao Instituto da Comunicação Social e achamos que não podemos ser comparados a outros que mais não são do que experiências amadoras de pessoas que têm máquinas fotográficas e a partir daí fazem filmes", frisou.

Relativamente a esta questão, a ERC respondeu à Lusa que este tipo de transmissão "não está sujeita a processo de autorização".

"A radiodifusão televisiva é unilateral, enquanto a Internet é multimédia e interactiva, com uma difusão de conteúdos disponibilizada mediante solicitação individual, o que afasta esta difusão do conceito de televisão", explicou Nuno Pinheiro Torres através de e-mail.

Segundo a mesma fonte, "a actividade desenvolvida pelos responsáveis dos conteúdos disponibilizados em sítios web pode estar sujeita à legislação específica de actividade de comunicação social, nomeadamente, à Lei de Imprensa".

Desde Julho "no ar" e ainda numa fase experimental, a responsável da OesteTv, que difunde notícias dos concelhos de Caldas da Rainha, Torres Vedras, Óbidos, Cadaval e Alenquer, afirmou ainda que a qualidade do projecto está assegurada através de "uma equipa de profissionais a tempo inteiro que inclui jornalistas, operadores de câmara e designers".

Com um projecto de menor dimensão, a ValedoSousaTV "funciona um bocado por carolice, em média é inserido um vídeo de dois em dois dias" disse à Lusa Rafael Telmo, professor e autor da ValedoSousaTV.

Aludindo às dificuldades financeiras que tem para colocar "as reportagens no ar" o professor disse que "um operador de câmara é muito caro e o projecto não tem qualquer apoio".

"Faço isto porque gosto e porque as tecnologias são a minha área de estudo, embora o objectivo seja o de levar notícias da região a qualquer pessoa em qualquer parte do mundo", afirmou Rafael Telmo que através da ValedoSousaTV transmite informações dos concelhos de Castelo de Paiva, Felgueiras, Lousada, Paços de Ferreira, Paredes e Penafiel.

Com as mesmas dificuldades, mas já a tentar estabilizar o projecto, a FamalicãoTV "vive unicamente da publicidade que vai angariando" disse à Lusa o jornalista Pedro Couto.

"Fazemos quase tudo (editar texto e imagem) em casa a partir do computador pessoal de cada um", contou Pedro Couto que com outro colega de rádio toma conta do site.

"Estamos todos a aprender a utilizar este meio de comunicação onde o horário nobre é quando o 'net' espectador se senta em frente ao computador" disse Pedro Couto, lembrando que a FamalicãoTV surgiu em Dezembro de 2005.

Segundo o jornalista, o projecto onde são divulgadas notícias sobre o concelho de Vila Nova de Famalicão está a ter algum sucesso, tendo atingido em Julho 5200 visitas.

A partir dos Açores surgiu também em
2005 a TVNet, mas segundo o seu director, André Rodrigues, "está já num processo de transformação, deixando de ser regional para passar a um projecto nacional".

A TVNet vai abandonar os Açores e mudar-se para a capital para as instalações do extinto Independente.

"Em Lisboa estamos numa lógica de maior concentração dos meios e iremos explorar conteúdos informativos, audiovisuais e de entretenimento", disse o responsável.

Na próxima semana, a empresa vai divulgar a grelha de programação que irá funcionar 24 horas por dia e sete dias por semana com uma equipa de 18 pessoas a que se juntam colaboradores e correspondentes.

 

Lusa